terça-feira, 26 de janeiro de 2010

“E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu, e teve a Caim, e disse: Alcancei do SENHOR um varão. E teve mais a seu irmão Abel; e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra. E aconteceu, ao cabo de dias, que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR. E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o seu semblante. E o SENHOR disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante? Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E, se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e para ti será o seu desejo, e sobre ele dominarás. E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel e o matou”. Gênesis 4:1-8 Há uma conexão entre a nossa oferta e o que somos. De acordo com o relato bíblico, Caim era lavrador e Abel foi pastor de ovelhas (Gen. 4:2). Caim, o primogênito da raça humana, trouxe a sua oferta do fruto do seu trabalho no solo, uma vez que era agricultor, e o Senhor a desprezou, mas atentou para Abel e para a sua oferta. Abel, como pastor de ovelhas, trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura. Todavia, se acaso era natural que Caim trouxesse parte do que produzia em sua profissão, alguém pode querer saber o porquê da sua oferta ter sido desprezada. Nós estamos acostumados a trabalhar com o comportamento dos homens e com os seus resultados, mas Deus não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém, como está escrito no livro de I Samuel 16:7, o Senhor vê o coração. Ainda que Caim oferecesse uma ovelha, a sua oferta também seria desprezada por Deus, porque ela já estava contaminada pelos maus desígnios gerados no seu coração.
Por que a oferta de Caim não foi aceita? Porque nele não havia nada que agradasse a Deus. O seu caminho era perverso e, segundo consta na primeira epístola de João 3:12, as suas obras eram más. A oferta do homem somente será aceita quando Deus encontrar no seu coração a vida do Senhor Jesus Cristo. O homem pode fazer muitas coisas com o propósito de agradar a Deus, ter dons maravilhosos, distribuir todos os seus bens entre os pobres e até, por sustentar a fé cristã, entregar o seu próprio corpo para ser queimado, porém, se o Senhor não encontrar no seu coração a sua imagem, nada será considerado. Se o Senhor rejeitar o que está no seu coração, Ele vai rejeitar a sua oferta. A soberba do coração do homem o engana e ela é a medida do seu afastamento de Deus. Tudo o mais, devemos pedir que Deus trate do nosso coração, porque dele procedem as fontes da vida, como está escrito no livro de Provérbios 4:23. Caim vivia tão longe de Deus que foi o primeiro homem a sacrificar o seu irmão em oferta às trevas. Ele saiu da presença de Deus e levou em sua companhia toda a sua geração, que não foi contada por Deus. Caim teve um filho chamado Enoque (Gênesis 4:17); a Enoque nasceu-lhe Irade, que significa fugitivo; Irade gerou a Meujael, que significa ferido por Deus, Meujael gerou a Metusael, e Metusael gerou Lameque (Gênesis 4:18), que era um homem polígamo e violento. Em momento algum a Bíblia relata quantos anos esses homens viveram.
No coração de Caim, comparado a um solo fértil, o diabo plantou uma semente, que diariamente foi irrigada até o dia da colheita. A morte de Abel no encadeamento de uma oferta que foi recusada por Deus, foi sem dúvida uma desculpa para ocultar aquilo que o diabo havia plantado no coração de Caim. Há um dia em que o diabo colhe os frutos das sementes do adultério, da traição, do medo, da morte, da fascinação das riquezas, do induzimento ao erro, da ofensa, dos cuidados do mundo, entre tantas coisas. O diabo procura na vida do homem os frutos daquilo que um dia ele semeou no seu coração. De modo claro a Palavra de Deus afirma, no livro de Números 32:23, que o nosso pecado nos acha, não importa quanto tempo se passe.
Adão foi colocado no jardim do Éden para cultivá-lo e guardá-lo, como está escrito no livro de Gênesis 2:15, mas esta ordem não foi dirigida apenas a Adão, mas a todos os homens. Precisamos guardar o nosso coração para Deus e ter o cuidado de arrancar toda raiz de amargura, toda erva daninha que foi semeada pelo diabo e purificá-lo diariamente com a água da Palavra de Deus. Precisamos guardar o nosso casamento das sementes do adultério. O homem que vive adulterando, um dia vai sacrificar o seu casamento e a sua geração.
A história de Abel também nos mostra que a oferta precisa transformar o coração do ofertante. Se aquilo que ofertamos não nos faz falta é porque não tem valor, é esmola. Ocorre que Deus não é indigente. Ele não vive na miséria. Deus deseja a íntima dedicação de todo o nosso coração e não as sobras do nosso vergonhoso estado. Esse tema tem a ver com os frutos da terra e as primícias do rebanho.
Os frutos são as utilidades que a coisa produz periodicamente, sem desfalque da sua substância, como por exemplo, a manga em relação à mangueira; o abacate em relação ao abacateiro. O fruto é um acessório em relação à coisa. Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHOR. O que significa fruto da terra? É o fruto natural, ou seja, é aquele que a coisa gera por si mesma, independente do esforço ou do empenho humano. Caim ofertou a Deus aquilo que não tinha nenhum valor para ele. Quando o Senhor Jesus foi ungido em Betânia, logo Judas ficou profundamente incomodado e disse que aquilo era um desperdício, como está relatado nos evangelhos de Mateus 26:6-13, Marcos 14:3-9 e João 12:1-8, porque para ele o Senhor não tinha nenhum valor. A honra que damos ao Senhor é medida pelo valor que damos à sua oferta. Temos ofertado a Deus todo o nosso sustento, como fez a viúva pobre descrita no evangelho de Lucas 12:1-4, todo o nosso coração, toda a nossa vida, ou temos agido como os demais que deram como oferta apenas algo daquilo que lhes sobrava? As primícias do seu rebanho (Gen. 4:4) tem a ver
com aquilo que cuidamos diariamente. Diz respeito aos nossos sonhos, o nosso tempo. O termo hebraico para rebanho é TSON, usado por 110 vezes, que tem o sentido de ovelha. Trata-se de ovelha domesticada, ovelha que tem nome (João 10:1-4) e que é conhecida pelo pastor desde o seu nascimento. A oferta precisa se identificar com o ofertante. A oferta que não transforma o coração do homem não tem nenhum valor para Deus.
Finalmente, a nossa oferta precisa ter sabor. Abel trouxe dos primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta. Gordura, no hebraico é CHELEB, que significa a melhor parte. É a gordura que retém o sal e o sabor dos alimentos; é ela que os torna agradáveis. Está escrito no livro de Levítico 3:16-17 que “... o sacerdote queimará tudo isso sobre o altar; é manjar da oferta queimada, de aroma agradável. Toda a gordura será do Senhor. Estatuto perpétuo será durante as vossas gerações, em todas as vossas moradas; gordura nenhuma nem sangue jamais comereis”. A melhor parte da nossa oferta pertence ao Senhor e deve ser bem temperada com sal. Em todas as nossas ofertas devemos aplicar o sal da aliança do Senhor nosso Deus, como está determinado no livro de Levítico 2:13.
Resumidamente podemos afirmar que a oferta queimada de aroma agradável ao Senhor é a apresentação do nosso corpo como sacrifício vivo, ou seja, ter a vida do Senhor Jesus Cristo no nosso coração e guardar a sua Palavra, ser uma nova criatura; a oferta queimada de aroma agradável ao Senhor é a apresentação do nosso corpo como sacrifício santo, ou seja, ser puro, lavado pelo precioso sangue do cordeiro de Deus que tira o pecado, é ser inteiramente transformado pelo alto preço pago na cruz do calvário; e, por último, a oferta queimada de aroma agradável ao Senhor é a apresentação do nosso corpo como sacrifício agradável, ou seja, é ter sabor para Deus, é ser temperado com o óleo do seu Santo Espírito e andar com Deus, trazendo à memória a nova aliança que foi celebrada com o sangue da sua fiel testemunha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails